segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Long-awaited Tear


Sancta Terra. I am safe in here, com todos os meus sonhos cosidos num só corpo, que agora respira finalmente, move so braços para me abraçar e embalar num sono desperto, oh-tão-desperto, simples mas belo, fértil mas puro. O deserto que me servia de cenário para músicas e poemas desiludidos, por onde vagueei por anos e séculos, vê agora uma rosa desabrochar no seu centro, por entre areias escuras e anciãs que pensei nunca darem fruto á paisagem frutífera e virgem de mundos. É com prazer que aceito a boleia de alguém estranho, da utopia encapuçada, que promete deixar-me em casa depois do primeiro beijo, certificar-se de que não vou sozinho pelas ruas do meu mundo e mostrar que existe quando eu acordar dos meus pesadelos reais.

Estranho como de repente parece que a minha realidade mudou, como apesar de acordar na mesma cama de sempre sinto que abro os olhos para um novo mundo, qual criança que pode agora deixar o abraço amiótico de uma mãe preocupada, e não nasce precocemente. It is time.

Bom dormir apenas quatro horas pelo facto de a cabeça funcionar a mil ao segundo, e pousar os pés quentes num chão que não geme nem pica nem arrepia. Sentir um perfume matinal que já não é meu e foi deixado no ar por alguém que deitou a cabeça na minha almofada e quis inalar as lágrimas que lá chorei (os gritos que com ela abafei, o choro que ninguém ouvia, só ela) e expirou pétalas e penas de anjo, com as quais me tapo de noite, sorrindo, olhando para o céu e sabendo o que vai para além dele, aquilo que ele esconde qual manto corrido antes de uma peça final, fatal, urgente.

Primeira vez que não acaba antes de começar. Começa antes de acabar(es). Leva-me contigo, leve mas nunca breve, que isto não pode durar pouco, e o meu tempo ainda está para vir. Sei que o teu também. Vou mostrar-te o meu novo mundo. Vamos para o Éden, e não tocaremos nunca, jamais , nas maçãs.

"Onde estiveste este tempo todo?"
Lágrima.

domingo, 7 de setembro de 2008

Ab alto


Existem pessoas que só precisam que acreditem um pouco nelas, por elas, quando lhes doem as costas e o pesar da morte. Que as façam rir quando o assunto é sério, porque é sempre sério, mesmo quando se brinca. A sério, precisam que lhes digam que não foi o passado que se estendeu, mas elas que se estenderam ao comprido contra a possibilidade de fazerem diferente, melhor, feliz.


Existem pessoas que tentam o melhor do mundo e vão-se abaixo assim, nem dores nas canelas ou nos rins, só porque foi mais fácil calar do que ouvir e falar e mostrar-lhes que não é esse o caminho. E depois temos tendência a julgar e a pensar em nós como os supra-certinhos de bolso.


Existem pessoas como eu e tu que somos um só, quando não nos vemos. E não nos ouvimos e preferimos calar.