'Hoje, quero que saibas que não te disse nada e quando te pedi para me morderes o coração era só para me certificar que ele existia no meu peito. Tu preferiste beijar-me, nunca me mordeste e, assim, fiquei sem o saber.' em Morder-te o Coração, de Patrícia Reis
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
Truth Hurts. Lies kill.
Tanto para escrever. Tanto para guardar fechado num canto bem poeirento do sótão escuro e entulhado de caixas com cadernos de textos e letras e memórias e pedaços de mim. Quero dizer tudo e não quero dizer nada, medo de acabar morto a meio das escadas para o meu lugar no mundo.
A minha autobiografia chama-se Desilusão. Ou Perda. Ou talvez Raiva. Estou indeciso. Será que interessa? Deus não existe. Ou se existe, é sádico, ou pensa que tiro felicidade da dor. Toma, Filho, toma mais. Nada temas, pois Estou contigo. Já pensei em ir rezar a pântanos e arrancar a cruz fervida que carrego ao peito. Afinal, quem me guia? Um cego, com péssimo sentido de orientação? Um cão, que me leva a mijar em postes e a cagar ao mato, convencendo-me de que é este o meu lugar? Será pedir muito que alguém abrace os seus sonhos como filhos frágeis? E que se afastem dos meus? Também é pedir demais?
Não quero mais notas da tua boca, se o que pensas de quem as escreveu para ti é algo que te magoa silenciosamente , que arde por dentro como as tuas feridas que não existem. Auto-mutilas-te. Se te mentiram e tu acreditaste, então não vale mais a pena que vivas com ódio de quem te quer bem. Vai, então, é melhor assim, para todos menos para ti. Segue com os mentirosos, e com aqueles que não acreditam que és capaz de te superar em todos os sentidos. Ninguém é doente para sempre. Ou se morre doente, ou se luta para não o ser. Tu escolheste. Estou em paz comigo próprio, e contigo. De ti, só tenho pena. E acredita que isso me magoa mais do que o ódio que sentes. Porque te adoro, e te via como uma lutadora.
Depois vens tu, que nem tento compreender, com medo que essa porcaria se pegue. Não vale a pena sentar nem conversar, há muito que só dizes merda, e eu perdi a necessidade de te ouvir , de te perceber e de te ajudar. E acredita que é um alívio. Há muitos anos , numa outra vida, fez sentido. Agora que rasgaste páginas e páginas da minha vida, queimaste-me a linha das mãos e roubaste-me os anos que achei que tinham servido para algo. De ti, já não consigo ter pena. Nem me esforço. Só espero que demorem muitos anos a cometeres outro crime como este. Facada desgraçada no coração de quem, mais que toda a gente, esteve sempre lá para ti. Boa sorte, e se não for pedir muito, mantém-te longe de mim. Se depender de mim, não falaremos de novo, nem serão as minhas mãos (lavadas) a empurrar o teu caixão para o mar. "Sozinhos acabamos todos, ou achas que se fazem caixões para duas pessoas?" Parabéns. Vemo-nos nos teus remorsos.
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4 comentários:
O que interessa quando morremos não é se o nosso corpo apodrece sozinho no chão que uma vez pisámos; mas sim quantas almas estarão desejosas de encontrar a nossa depois de atravessarmos a barreira do real.
Gostava de poder expressar/(d)escrever os sentimentos tão bem como tu, no papel. Talvez um dia =)
*
Que o teu Ré nunca se reprima e que o teu Mi continue contigo!
Desculpa, não resisti xD *
Um texto que fala de tanta dor, que quase provoca dor em quem lê. Sem dúvida, um dom para a palavra.
Espero que um dia as coisas melhorem.
beijinhos*
Inês
Goddess... Está puxadito :P e como sempre muito bom ^^ beijinho grande*****
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