O meu irmão esquece-se muitas vezes de respirar, sem mal nenhum no espírito reencarnado. Por outras palavras, é uma janela de Agosto com má vontade de ser fechada. Vejo-o muitas vezes nas joaninhas e nos carrinhos fechados a sete meses na arca sábia das minhas dores. Ensina-me todos os dias que tenho emoções de humana e pés de gigante, o corpo pequenino, a quietude de menina velha e todo um mundo brilhante de cores opacas e enevoadas. Ele sabe que laços são feitos com seda e sede de afectos e que a paciência é efémera como a morte, como a terra, como as cinzas e tudo o que o fogo abalroa. Barco desprendido da âncora que sou eu- viagem bonita de que não fui companhia nem tenho postais. Velas simbólicas e traços que me envolvem como linhas como amarras que ele impõe na alegria de viver.
Às vezes quase me esqueço de respirar por saber que o meu amor visionário está na falta que ele me faz. Ontem conheci uma menina que era eu e mais alguns sonhos que se perderam no caminho. Qualquer dia volto às ruas de ontem para os roubar. E roubo juntamente uma botija de ar, para que a asma nunca me apanhe sem ele por perto. Somos irmãos de carne, mas mais de espírito e lábios.
1 comentário:
E eu também conheci uma menina que se tornou minha irmã de espírito. E cada vez que ela escreve, sinto que ela é uma artista cujas palavras são inigualáveis.
Adorei. E adoro-te. ;) ******
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