domingo, 8 de junho de 2008

O Jogo (Já te foste)


Tenho uma caixa. Craniana. Está cheia de tudo, mais alguma coisa e ainda de um ou outro pensamento que tem o seu (variável) quê de relevância. Viro-me para todos os lados e escolho o centro - Silêncio. Dêem-me silêncio. Um minuto de silêncio. Finjam por momentos que morri, e depois que volte tudo e estarei mais preparado. Agora só quero pensar e criar a força para caminhar sem medos. Carne forte em espírito que fraqueja.


Caixa, cheia. Os concertos de verão, os projectos com sede de vingança, a sonata a saber de trás para a frente, os "agoras" e os "nãos", os papéis cruéis que exigem que mostre o que sei e o que não sei, os anos pela frente que fogem a uma velocidade inacreditável, invivível, um Eu que se calhar até sou eu e que não se sente nele quando a lua se esconde e mostra que lá foi mais um dia em que nada disto se passou. Se há mais , anoto já na agenda - perdido por cem , perdido por mil e dois.


Um corpo com tanto para encorpar - poetas, doutores, amantes, escritores, músicos , coleccionadores, loucos, crianças, adultos, monstros e etc. Não sei do tempo em que eu não tinha de escolher vidas. Escureçam-me as cinzas e sei que me desfaço, há muito que ardo por dentro e não sinto a neve virgem na paisagem branca. Corro por ela e lanço pétalas de rosa em todas as direcções. Saibam que passei. Posso não voltar, mas estive lá.


Pus as cartas na mesa, alguém soprou e elas voaram em todas as direcções. Olhei a face de quem o fez e não vi senão fuga e apatia na sua expressão, que gostava de entender. E lá vou eu apanhá-las uma por uma, para a medo e discretamente as voltar a pôr onde estavam e como estavam na mesa. Mas o processo repete-se. Não sei se é vício ou esperança. Perdoai-me, Senhor, que não sei o que faço. Vou morrer, sim(mas não será de aborrecimento).

4 comentários:

Susana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Susana disse...

A maior ambição do Homem é a eternidade. Escreve o teu nome na pedra que talhaste durante a tua vida, seja ela curta ou longa, larga ou estreita, mas nunca - NUNCA - vã.

A desistência é sempre o pior pecado de todos - o oitavo, o temível. Volta a por todas as cartas em cima da mesa e prega-as com os ferros das espadas dos nossos antepassados. Deixa a tua marca, mesmo que não seja sobre ferro e fogo, a melodia e palavras.

Beijinho no ombro*
T'adore, maître et ami.

(Ai o meu frances xD)

Shadow disse...

Morrer, sim, todos morremos. O grande problema é dos que nunca realmente viveram. Daqueles que nunca pediram por silêncio, daqueles que nunca choraram, daqueles que nunca escreveram uma carta de amor e depois choraram ainda mais.
Uma alma que abarca muitas é uma alma quase completa, falta sempre o quase para ascender ao impossível, mas às vezes até se fazem impossíveis possíveis.
Que dizer mais? =) Shiuu, falar é não fazer e a vida ainda tem muito a ser vivida.
Como diziam no clube dos poetas mortes: Suga o tutano da vida!

Pseudónima disse...

Adoro a tua caixa craniana e todas ideias, todas os aromas, todos os sonhos e batalhas que guardas dentro dela. =)

Bacio, está muito bom mesmo^^