Sei de cor todas as facas do Passado, que um dia muito longínquo me abriram a pele e se recusaram a estancar o sangue, que corria com lágrimas e suor, para se fundir á terra dos meus jardins e os murchar. Sei que algumas dessas facas fui eu que espetei, achando que eram ervas curativas que iriam fechar feridas interiores. Só as tornei superficiais. Agora, as cicatrizes recusam-se a doer, e eu tenho medo, muito medo, de estar a espetar outra faca pensando mais uma vez que são curativos, remédio santo e de longa duração.
Pedi muitas vezes desculpa. Talvez nunca as suficientes. E nunca estava arrependido. Ou estava, mas hoje não estou. Ou não estava, e hoje estou. Amo a vida na sua falsidade e odeio-a quando me diz as verdades. Procuro a verdade que quero ouvir, e a vida que não me mente, ou quando mente diz coisas horríveis que no final não são nada, só uma brincadeira estúpida de qualquer entidade superior que tirou o dia para gozar com a minha cara de anjo espancado.
E agora, que chego a casa e tenho um quadro enorme com uma cicatriz minha lá desenhada, estaco. E pergunto-me se a quero curar, pergunto-me se quero observar o quadro e rever-me a pintá-lo, artista louco que se banhou em sangue e se limpou a uma tela, cuspindo mágoas, palavrões, músicas e desilusões pelos cantos da boca. Amo tanto esta pintura que já não me lembro de a ter feito. E é isto a minha verdade. Mortes angustiantes que idolatro, e que se resumem a nada mais que um desejo lascivo de viver. Músicas que escrevi apenas porque ninguém as cantava, e são as minhas favoritas. Páginas que li e quero esquecer, só para as escrever de novo.
Amo a cicatriz e detesto a ferida. Quero pintar por cima, e substituí-la por uma nova. Porque acredito que nem tudo terá que doer, e mais cedo ou mais tarde não me vou poder enganar quanto ao meu caminho, porque já percorri todos os outros. E é isto. Recomeçar. Dar outra oportunidade. Perdoar. (Olha que vais fazer merda…) Seguir em frente. Estrada. Ressurreição. Gaveta, abro-a. Lá dentro, uma faca e um remédio. Já não os sei distinguir. Medo. Muito medo. Mas mais que medo, determinação. Mais uma, menos uma…
Pim-po-ne-ta…
Pedi muitas vezes desculpa. Talvez nunca as suficientes. E nunca estava arrependido. Ou estava, mas hoje não estou. Ou não estava, e hoje estou. Amo a vida na sua falsidade e odeio-a quando me diz as verdades. Procuro a verdade que quero ouvir, e a vida que não me mente, ou quando mente diz coisas horríveis que no final não são nada, só uma brincadeira estúpida de qualquer entidade superior que tirou o dia para gozar com a minha cara de anjo espancado.
E agora, que chego a casa e tenho um quadro enorme com uma cicatriz minha lá desenhada, estaco. E pergunto-me se a quero curar, pergunto-me se quero observar o quadro e rever-me a pintá-lo, artista louco que se banhou em sangue e se limpou a uma tela, cuspindo mágoas, palavrões, músicas e desilusões pelos cantos da boca. Amo tanto esta pintura que já não me lembro de a ter feito. E é isto a minha verdade. Mortes angustiantes que idolatro, e que se resumem a nada mais que um desejo lascivo de viver. Músicas que escrevi apenas porque ninguém as cantava, e são as minhas favoritas. Páginas que li e quero esquecer, só para as escrever de novo.
Amo a cicatriz e detesto a ferida. Quero pintar por cima, e substituí-la por uma nova. Porque acredito que nem tudo terá que doer, e mais cedo ou mais tarde não me vou poder enganar quanto ao meu caminho, porque já percorri todos os outros. E é isto. Recomeçar. Dar outra oportunidade. Perdoar. (Olha que vais fazer merda…) Seguir em frente. Estrada. Ressurreição. Gaveta, abro-a. Lá dentro, uma faca e um remédio. Já não os sei distinguir. Medo. Muito medo. Mas mais que medo, determinação. Mais uma, menos uma…
Pim-po-ne-ta…
4 comentários:
O meu comentário longuíssimo e profundo e intelectual e etc e lda:
GÉNIOOOO!! xD
Por vezes habituamo-nos tanto à dor que preferimos deixá-la no sitio onde a semearam. Seja como for, digamos o que dissermos, a dor faz-nos sentir vivos, pulsa nas nossas veias em conjunto com o nosso fluido vital e nunca se engana. Ou pelo menos tenta não o fazer. Porque no fundo sabe o estrago que causa, e sabe que os artistas a amam e a veneram e a idolatram. Uma vez mais, é a sua inspiração.
Adorei ^^
Beijinhos enormes, saudades grandes - e ainda nem me fui embora xD ***
Brilhante... sempre brilhante =D cada palavra muitissimo bem escolhida e em harmonia perfeita com todas as outras... Fabuloso...
dos meus favoritos SEM DUVIDA
(quando for grande quero ser como tu :P) Lol
Beijinho*
Espero que as tuas cicatrizes mais profundas não sarem, assim poderás aprender sobre a ferida. Como te disse...sabes que há cicatrizes que devem sempre ficar em ferida (controlada e estanque) para nos relembrar que só regeneramos quando temos real noção dessas feridas.
Acho que ainda a vais ter de deixar sangrar, senão pode expandir-se e consumir-te por dentro.
Sweet Kisses****
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