sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ab ultima cave.


Convém que eu sublinhe e que tu entendas, por uma vez que exista, que eu nunca fui tua mesmo quando o quis ser. Que a vida sempre me tocou como eu toquei no mundo: ao de leve, com um sorriso aberto e uma consciência de bolso, nesciente. Com uma dor de perder que é só minha, que não desaparece - e chega mesmo a persistir, escarninha e má - quando são os meus dedos que se desfazem em sonhos encravados e peles perdidas, lágrimas e veias a esvaírem-se com o costume de não ter.

É por isto que te digo: nunca fui tua, nem ao terceiro sono. Quando me apercebi que toda a minha vida girou em torno da mesma essência, que era querer esconder-me toda em ti para conseguir dormir e renascer em paz. Que era prometer que nunca mais fugia e que tu merecias amor, para variar das pancadas que te dava o mundo e a infância. Que eu não existia, sem a segurança de tu seres o que de mais bonito eu tinha: uma história para contar, uma amnésia doce e querida.


Quando acordei benzi-me, sem fazer ideia do porquê. Depois chorei.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tarde


Trocar o coração pela boca. Sentir amor e sussurrar 'Amor'. Sentir frio e rir baixinho, de nervoso miudinho. Sentir o quarto vazio e evocar o eco, como melhor amigo. Sentir o passado lá ao fundo, sozinho, e rir alto, dizer 'As malas estão à porta e o comboio já partiu'. Sentir dor de ser pequenina neste corpo e pronunciar o alfabeto em francês. Sentir saudades e lembrar-me de Sta. Bárbara, quando troveja. Chorar com voz. Sentir-te o sorriso a dormires, como alegoria do Bem, do Tudo- Vai- Ficar- Bem. Sentir os aplausos finais e agradecer. Ficar muda à espera de sentir alguma coisa. Que horas são?



Morrer.

sábado, 16 de maio de 2009

Doa a Quem Doer - Parte 1

Ora bem , a pedido de muitas famílias (ou de nenhuma, depende do ponto de vista) abrimos aqui uma nova "rubrica" que dará ares de sua graça de vez em quando, para recordar aqueles momentos nos quais todos desejávamos ter uma câmara de filmar à mão para apanhar aquelas situações/citações/posturas/parvoíces que nos partem de riso. Como não se pode nem se deve estar a filmar as pessoas 24 horas por dia, havia que arranjar uma maneira de armazenar certas e determinadas coisas que não é bom esquecer e que, às vezes (muito raramente), até nos ensinam alguma coisa. Cá ficam algumas dessas situações...doa a quem doer. Brevemente há mais de certeza, a não ser que o mundo acabe.


Pseudo: Epá, porque é que eu ando com ódio ao mundo?
Seph: Ya...
Pseudo: YA O QUÊ, CARALHO??


Seph: Bem, só te digo que ele tem barriga de cerveja e tresanda a cerveja que se farta.
Pseudo: Fogo...será que ele bebe cerveja?


Maria: Ela é tão querida!! Parece que está a gozar comigo!!


Seph: Olha que cão tão lindo!
Pseudo: Ya, é mesmo giro!
Elisa: Mania desses brancos de gostarem de animais e crianças...


Seph: Despede-te de mim, Cláudia!
Tiago: Adeus, Pedro...


Seph: Olhe desculpe, que prato é este?
Empregado Indiano: Lhé-nha-nha. [Lasanha]
Seph: É nhanha??

Seph: Que cara é essa?
Bárbara de Sintra: Ai as côdeas, que só se comem...


Luís: Eu vou ali à estação e já venho!
Bárbara da Rinchoa: Ajudem-me que ele foi buscar Cartas Magic!!!


Seph: Porque é que apareceu um menino que eu não conheço no meio da minha festa?
Bárbara de Sintra: Quem?? Não me digas que é aquele que veio conosco no carro!


Maria: Epá, aquele teu amigo baixista, lembras-te?
Seph: Quem?
Maria: Aquele, de cabelo comprido, muita feio...
Seph: Não me lembro...
Maria: Epá um gajo feio de cabelo comprido..
Seph: Pera...Aquele? (Aponta para a mesa em frente)
Maria: Exacto!


Miguel: Pedro, faz qualquer coisa! Deste lado falam mal e do outro estão-se a comer!


Elisa: O teu pai dá consulta no Centro de Saúde de Rio-de-Mouro?
Seph: Achas que o meu pai trabalha nessa espelunca??
Elisa: Então onde dá consulta?
Seph: Numa clínica do Cacém.


Martim: Ela é gira!
Bárbara de Sintra: Ai Martim, p'ra ti as escanzeladas do ISCTE e as drogadas do Algueirão é que é!


Tiago: Parabéns!
Seph: Hãn?
Tiago: Chupa-mos.
Seph: Hãn?
Tiago: Parabéns!


Elisa: Epá Pedro, eu nem sei como me dou contigo, devia era ficar em casa!
Pseudo: Olha que vais de boleia com ele...
Elisa: AMOR DA MINHA ALMA!


Susana: Estou a dar cadelinhas muita giras!
Nicole (no dia seguinte): Então Susana, ouvi dizer que tiveste cãezinhos!


Pseudo (desde que entrou pró Reiki): Epá não me gastes o Chakra, tá bem?

sábado, 9 de maio de 2009

3 meses depois


Ah, o sentir de alguém que só queria sentir.
Uns meses podem parecer anos, tal como os anos podem parecer meses. E um ano pode soar a um século. E nós que nos perguntamos se isso é bom ou mau sinal. E os anos que parecem séculos e que passam no deixa-andar e no deixa-sofrer, que tanto valem muito a pena como parecem o maior desperdício de ar e vida e coração. E a perda daquilo que julgávamos garantido; a escarra de alguém que julgávamos perfeito e que nunca nos falharia, mesmo na nossa cara; e a nossa na cara de outros que julgavam o mesmo. O girar da Terra que nos deixa tontos de cabeça e pobres de espírito e fracos de corpo. O desconhecer do amanha e medo desse mistério, causado por olharmos para trás e contarmos as vezes que achámos que a altura da vida que vivemos hoje seria a mais feliz de todas, e é uma porcaria. E se isso se prolongar por séculos? O que vai ser de nós?

Eu vivi séculos nestes últimos meses, e aprendi que quanto mais sabemos menos sabemos. Que quanto mais vendamos os olhos mais vemos, e mais odiamos o que vemos. Já me doeu magoar alguém, mas agora dói muito mais ser magoado. E aquilo que dói, ou se cura ou se amputa de vez. Nada de mais, o problema é quando ficarmos sem membros, porque curas há poucas e são muito raras aquelas que servem realmente de antídoto. Estou cansado de ser alquimista. Estou cansado de acreditar no Espírito e me imporem a Razão, como se a tivessem toda. Não quero mais, estou cheio. Comi muito este século, e agora bem que me dói a barriga. Está na hora de controlar os consumos e ser saudável. Talvez isso acelere os ponteiros do relógio, e me ajude a olhar para trás sem medo de pisar o degrau seguinte.

Somos todos os maiores, graças a Deus. Mas andamos todos curvados à frente do chicote de alguém, até nos cansarmos e nos virarmos a quem nos magoa ou morrermos porque simplesmente a última chicotada foi fatal. E no fundo, sabemos que a merecemos de tão ridículos que fomos. A vida sobe e desce qual maré revolta, e nós à deriva , sempre à deriva, a tentar mover o nosso barco, que funciona tão bem se o comandarmos sozinhos mas que sem outros lá dentro não é possível domar.
E entretanto, lá lançamos a corda a náufragos que, em vez de a segurarem e de nos sorrirem, a roem todinha até não haver mais, e ainda nos cospem farpas para cima porque a corda não lhes sabe a moranguinho. Guess what? Afoguem-se.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

E depois dizem que são eles


Talvez nos maltratemos para que depois nos beijemos mais, embora ultimamente saibamos que nos falta o ar e os beijos. O abraço. O toque. A respiração ofegante. O ar. Ah.

Esquecia-me que sou eu que me maltrato para que decidas ser meu enfermeiro, meu amor eterno e de platão. E depois que me beijes mais do que nos meus sonhos. Que me beijes os lençóis e as nódoas negras e depois eu prometo que me porto bem e que morro feliz. Tu sabes o que não é possível, eu sou a pior da nossa terra.


(Autobiografia de mim, centenária, a querer morrer num hospital limpo e tu a tratares-me da saúde. Bem tratadinha. )