Aos portões do coração, correntes e cadeado. Só isso. Nada mais. Teias de aranha em cada veia. Alimento-me de moscas e nada de melhor me abraça ou cai no meu abraço/armadilha. Quem destruiu a esperança?
Aos portões do coração, ferro e fogo. O Antigamente de algo em que já não me vejo. A ideia de sorte reduzida a um azar do caraças. E consigo rir de tudo isto, rebentando as teias por um momento e abrindo-me de novo ao mundo. Aproveita para entrar. Mas não feches os portões. Daqui a nada estás a pedir para sair.
Há inválidos que apesar de tudo se movem. Há pessoas com tudo no sítio (talvez até demais) e não se mexem. Eu sou o intermédio - inválido em muita coisa, mas de vez em quando lá me mexo...devagar e quando não devo. E quando me quedo devia ter-me mexido, devia fazer-me à vida, abrir os portões. Mas para quê? Está tudo negro e podre lá fora, e tu não vens. De decrépito já basto eu. Não meto mais detritos cá dentro, nem junto os meus aos de fora. Deixa estar as teias. Não toques no cadeado. Não te rias.
Aos portões do coração, correntes e cadeado. Porque a chave desapareceu há muito. E há coisas que não interessam a ninguém.
Que assim seja.
Que assim seja.
4 comentários:
Um brinde ao teu talento de mil e uma formas. E a nós, já agora. Tchim tchim. =)
E junto aos portões do teu coração está uma pequena ampulheta à espera de quem a vire.
Amei o texto, mano, e acho que vou amar este blog de duas pessoas que escrevem sentimentos e visões. Duas pessoas muito especiais para mim.
A vós meus amigos. Cheers!
Aos portões do coração, chaves e tapete de boas-vindas.
De que vale fechares os portões ao mundo se te remóis com mil e um "ses", mil e dois "talvez", mil e três "perdidos", mil e quatro "...
Deixa as muralhas e os portões e os guardas capitularem em uníssono. Não tenhas medo, é mais reconfortante sofrer porque se amou do que sofrer por nunca se ter amado.
Beijo enorme, abraço apertado e um beijinho no ombro xD*
Parabens excelente escrita.
Abraço e bjs.
Continuem o bom trabalho!
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